domingo, 23 de maio de 2010

Escorre-me o poema

(À Max Martins)

Escorre-me o poema
Como gota de sangue opaca
Como orvalho na flor intacta
Na manhã que ora entra em cena
Escorre-me o poema ...

Escorre-me o poema
Entre os lábios entreabertos
Como vômito infecto
Escorre, e me envenena

Escorre-me a poesia
Qual suor de febre ardente
Ou cachoeira estridente
Que me atormenta e sacia
De uma infeliz alegria
Escorre-me o poema

Escorre-me a poesia
E a multidão ocupada
Que não percebe a agonia
Em que se encontra banhada

10 de junho de 1997

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