quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Musa do Deserto

Teu eterno corpo sensual
Faz lembrar os deuses do Olimpo
Tua imponente beleza natural
É o equilíbrio entre o forte, o belo e o simples.

Perco-me entre a majestade dos teus seios
E teus suspiros embriagam-me por inteiro
Perto de ti até os anjos sentem-se feios
Queria retroceder no tempo:
Ser teu último e teu primeiro.

Tua beleza é a miragem refrescante
Que sacia a ilusão sedenta do poeta
És a musa proibida, inacessível
Mesmo quando estás por perto.
Contradição, paradoxo, exceção; falso profeta.

Colocarei aos teus pés o meu mundo
Para que a luz que emana do teu corpo
Satisfaça todos os meus desejos de prazer intenso
Mais intenso até que o prazer
Que me trouxe à luz do mundo.

John Charles Torres
Belém, Dezembro de 1999.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Procura

Eu me procuro.
E não me encontro como antes
Eu me procuro,
Mas meu espelho está quebrado
E as roupas jogadas na cama
Desarrumada.

Sim, minha vida procura um rumo,
Mas no momento só tenho rimas,
Pobres, saturadas.
Mas eu me procuro

E entre noitadas e ressacas,
Entre conflitos exacerbados,
Entre amores mal amados,
Me vejo por entre as frestas,
Que deixam passar vagamente
A luz cansada da solidão,
Essa que me atinge
E me revela a face já desfeita;
Meu peito cálido,
Meu corpo calejado

Mas eu me procuro
E entre as trevas dessa solitude
Entre as neblinas desse tédio nu,
Eu só me vejo só solenemente.
Ouço meu grito aterrador e lúgubre
Provir das profundezas do deserto,
Esse deserto que é minha’alma agora
Agora não, faz tempo, não me nego
Não nego que hoje apenas me procuro
E se me encontro é sob tempestades,
Sob fogueiras, chama; inquisição!
Vejo meu corpo só, desalentado,
Desprotegido a tremer no chão.

Depois eu durmo e a noite é infinita
E eu me procuro e o sono não termina
E não me acho nessa solidão....

Dezembro de 1995.

Apenas por um minuto


“O amor é cauteloso, constrói
pacientemente o seu delírio”
                   (Érico Albuquerque)
                              
Queria ter apenas uma chance
De criar uma ilusão abstrata,
De aflorar essa ilusão
...apenas por um minuto

Queria te possuir em pensamento
E prolongar esse pensar
Na minha eternidade limitada
... apenas por um minuto

Queria poder te tocar
E perpetuar esse toque
Mesmo que em meus sonhos tímidos
... apenas por um minuto

Queria apenas um olhar sincero
Que resgatasse em mim uma esperança
Ainda que breve e passageira
... apenas por um minuto

Queria ficar a sós com minha dor
E espairecer essa tristeza na cerveja
Não importa se quente ou se gelada
Mas... apenas por um minuto.

Junho de 1996

Quero um pouco de poesia ou Soneto contra a modernidade

Todo mundo precisa de um canto,
De encontrar-se com seus pensamentos,
De fugir desse mundo sangrento,
E encontrar no silêncio o acalanto

Todo mundo de paz necessita,
De um minuto de reflexão,
De exprimir no papel emoção,
E escrever o que pensa da vida

E apesar desse mundo moderno
Que não tem mais lugar pro lirismo,
Ainda quero escrever um pouquinho

E ocupar com meu verso esse abismo
E mostrar que a poesia é o caminho
Pra tirar esse mundo do inferno.

1º de maio de 1996.

Canção Cintilante

Se eu fizesse uma canção
Que falasse de beleza
Falaria com certeza
Desses teus olhos brilhantes
Parecidos diamantes
Em tua face de princesa

Se eu fizesse uma canção
Que falasse de harmonia
Com certeza falaria
Dessa humilde perfeição
Que teu corpo evidencia
Entre as cores do verão

Se eu fizesse uma canção
Que falasse de desejo
Certamente que teu beijo
Estaria entre os refrãos
E a tua doce presença
Nas notas dessa canção

Se eu fizesse uma canção
Que falasse de amizade
Falaria com saudade
Das nossas longas conversas
Ao longo daquelas tardes
Em que cada gesto incerto
Era pura descoberta....

24 de março de 1998