sábado, 28 de janeiro de 2012

Proporção

Sou meu próprio diamante e minha própria cinza;
enfim, meu próprio universo.
Meu arbítrio não é livre, é liberto.
Sou do tamanho de minhas próprias verdades.
Minha crença é própria, não emprestada.
Meu amor próprio é a medida de tudo que tenho.
Se eu me achar rico, é na minha simplicidade.
Na verdade, eu sou Deus, na medida de minha fé.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Convite

Venha comigo povoar o infinito com sementes de paixão
Descobrir a vida em desertos de solidão
Achar amor nas fossas da desilusão
Vem, sabendo que a certeza
É só mesmo mais um grão
Que bem regado, então
Abre-se rosada flor,
Mas sem água,
Não

Ávidas palavras

A vida, palavras
Há vida, palavras
À vida, palavras
Ávidas palavras.

Reescrevendo

Do intervalo de cada sílaba
Retiro restos de ressentimento
Tento esvaziar as palavras
Das sobras de angústia e solidão

E construir um novo verbo
com fonemas renovados
pela sintaxe da esperança,
cheio amor desinencial

Tento imprimir-me no espírito
uma gramática da paz
rabiscar com lápis lúcidos
serenidades substantivas

E assim, escritor do futuro,
tentarei conjugar insistentemente
o equilíbrio na intensidade
rimar paixão com sanidade

Criar a sentença quase perfeita
Refazer minha existência frasal
Encontrar a cadência adequada
Isenção semântica pra todo o mal.

John Charles Torres
Belém (PA), 22/01/2012.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Palavra e silêncio

Palavra e silêncio.
Eles formam um casal perfeito.
Que se completa e se alimenta.
Um da qualidade do outro.
E juntos, assim, pela eternidade semântica.
Seguem numa dialética humana.
Um falando, a outra calando.
Um calado, a outra falada.
Uma silenciando, o outro falando.
O silêncio é lenço, a palavra o documento.
Um assina sua sina no outro.
Os dois, solidários, saciam-se.
Assim, sintaticamente.
Eu sou palavra, eu sou silêncio.
Enquanto minha dor cala-se, fala o meu amor.

John Charles Torres, Belém (PA), 15/01/2012.